O chaparral (ou vegetação mediterrânea)
A vegetação do chaparral, que predomina nas extremidades norte (fronteira com o Mar mediterrâneo) e sul do continente africano, é condicionada pela presença de verões quentes e secos e invernos amenos e chuvosos.
Suas formações vegetais são caracterizadas pela presença de arbustos com folhagem espessa e resistente, que tem a função de evitar a desidratação no período de estiagem. Estas espécies arbustivas são os maquis e os garrigues; estes últimos costumam se desenvolver em solos rochosos.
Na África do Sul, este domínio fitogeográfico adquire características que diferenciam esta região das demais que apresentam a vegetação mediterrânea, dando origem ao ''fynbos'' sul-africano. Esta formação vegetal apresenta maior biodiversidade botânica que a própria floresta amazônica. Em meio aos arbustos, é possível achar espécies de plantas endêmicas, com exóticas flores, que contribuem para a formação de habitats para várias espécies de anfíbios (como os sapos) e répteis.
Infelizmente, esta rica variação da vegetação mediterrânea, presente apenas na África do Sul, está sendo ameaçada pelos processos de urbanização e de expansão da agricultura desenvolvidos no país, o que põe em risco uma das paisagens vegetais mais belas e diversificadas do mundo.
Formação floral do fynbos sul-africano
O Deserto e a Estepe Tropical
As paisagens vegetais desérticas são constituídas por plantas adaptadas ao baixo índice pluviométrico, característico destas regiões. Como são situadas em zonas temperadas ou tropicais, é constante a presença de estruturas fisiológicas, nos seres-vivos que habitam estes locais, as quais impedem a desidratação de seus organismos. Da mesma forma, pode-se observar o desenvolvimento efêmero das espécies vegetais, cujo período de desenvolvimento e floração é bastante rápido, logo após os breves períodos chuvosos. Todas estas características podem ser analisadas nas áreas envoltas dos oásis, cuja umidade propicia um grande desenvolvimento da flora.
Nos desertos africanos, é possível encontrar plantas do gênero Euphorbias, as quais são suculentas e possuem pouquíssimas ou quase nenhuma folhagem, a fim de evitar a perda de água por evapotranspiração. Com este mesmo intuito, estas espécies podem apresentar espinhos (em substituição às folhas) e poros bem estreitos. De forma geral, podemos encontrar ainda arbustos de galhos ramificados e pequenas folhas grossas, cuja espessa parede evita a desidratação.
Devido ao grande número de desertos no continente africano, são observadas particularidades na vegetação de cada região desértica. Enquanto no Saara há espécies halófitas, adaptadas a ambientes com alto índice de salinidade, na porção norte do Kalahari são encontradas palmeiras e árvores de maior porte, criando uma incomum paisagem desértica. Já no deserto da Namíbia, um dos mais secos do mundo, existe uma das mais incomuns plantas: a Welwitschia mirabilis, espécie de gimnosperma com folhas suculentas, que pode viver mais de cem anos.
A Estepe Tropical se assemelha em muito a vegetação desértica. Seus índices pluviométricos intermediários possibilitam o surgimento de plantas diferentes, com raízes mais profundas, mas que não deixam de apresentar caules retorcidos, com espinhos e poucas folhas. Este tipo de estepe se estende por faixas de transição entre a vegetação desértica e as vegetações circundantes, dentre as quais se destaca a savana.
Juntas, a vegetação desértica africana e a estepe tropical estão presentes nas regiões pertencentes e próximas aos desertos do Saara, do Kalahari e da Namíbia (extremo sudoeste africano) e no extremo leste do continente.
Oásis na parte algeriana do Saara
Autor: Pedro Henrique Andrade